Búlgaros "andavam com muito dinheiro"

Vítimas de triplo homicídio viajavam por todo o País à procura de negócios de sucata
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Quem conhecia os três búlgaros que foram assassinados em Aljustrel assegura que "andavam sempre com muito dinheiro no bolso" cada vez que viajavam pelo País à procura dos melhores negócios de sucata. Daí que na Quinta do Conde (Sesimbra), onde residiam as vítimas, a teoria mais corrente aponte para uma "cilada" cometida por "alguém conhecido". As autoridades limitam-se a admitir que o "caso é complexo" para a investigação, desconhecendo ainda se o móbil do crime foi um assalto ou um ajuste de contas.

Vladimir teve um mau pressentimento quando pelas 18.00 de quarta-feira telefonou ao amigo Vasco (assim era conhecido na Quinta do Conde um dos três búlgaros executados) e este não lhe devolveu a chamada ao longo da noite. "Não era costume, tive medo que alguma coisa lhes tivesse acontecido", referiu ao DN. E não se enganou.

Os seus "grandes amigos" Vasco (50 anos), a respectiva companheira Sahsca (38) e Ieltsin (39) tinham sido assassinados "sem qualquer explicação", lamentava, reconhecendo que a sua preocupação aumentou quando na quinta-feira tomou conhecimento de que os três búlgaros tinham trocado a carrinha de que eram proprietários por uma outra, propriedade da empresa Resisperfil, Gestão e Valorização de Resíduos.

Uma sucata com sede no Pinhal Novo (Palmela), para quem Vasco e Ieltsin fariam alguns trabalhos, embora esta viagem não estivesse associada a qualquer serviço solicitado pela empresa. Estariam a trabalhar por conta própria, segundo a informação prestada pelo dono da firma - que o DN tentou ontem contactar sem sucesso - aos amigos das vítimas, que terá ainda acrescentado ter o registo da entrada da carrinha na A2, pelas 05.30 de quarta-feira, através da Via Verde no sublanço do Pinhal Novo, no sentido sul.

A viagem teve lugar depois de uma noite de festa em que os três búlgaros juntaram vários convidados na sua casa, um anexo na Rua Pedro Álvares Cabral, para celebrarem os 39 anos de Ieltsin. "Estava muito feliz e divertido. Eles eram trabalhadores e nunca demos conta de terem inimigos", diz Vladimir, ficando de voz embargada quando revela que "Ieltsin deixa duas filhas, de dois e 12 anos".

A consternação era transversal aos moradores da Rua Pedro Álvares Cabral, onde Vasco e Ieltsin viveram ao longo de aproximadamente dois anos, tendo Sahsca passado ali a viver recentemente. "Nunca me apercebi de nada suspeito. Parece que faziam negócios de sucata, mas era lá a vida deles", comentou o vizinho do lado.

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